quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

As relatividades do relacionamento

Minha avó sempre dizia: "Em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher". Sábias palavras essas de minha vovózinha.

Traição é sempre traição e ponto. A questão é o significado que isso tem para quem a pratica e para a vítima da traição, ou seja, o (a) enganado (a).

As pessoas continuam se relacionando umas com as outras, continuam buscando o amor de suas vidas, a tampa da panela, os tais dos chinelos velhos para os pés cansados, porque no fundo, guardam a esperança de que aquele a quem oferecem o seu amor, não irá decepcioná-las.

Quem traí, expõe uma insegurança que não consegue controlar. O medo de ser deixado, o medo de se parecer impotente, de perder a virilidade. Quanta bobagem!

Não se trata de medir o grau da traição. Isso é imensurável. Mas considerações relativizadas acerca do realcionamento entre dois seres humanos se faz necessário. Uma coisa é num momento de fraqueza, de insegurança, beijar um outro alguém sem a menor ligação ou sentimento. Outro, bem diferente, é manter um caso de anos, uma família paralela. Conseguir ter duas caras e sangue frio suficiente para chegar em casa dar um beijo na esposa, com quem divide filhos e problemas há mais de 20 anos, depois de ter passado o dia todo com outra mulher.

Respeito é o mínimo que se pede. Nem se pede, se espera.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Série: Por que temos que suportar babacas?



Um chopp. Essa era a proposta para aquela quinta-feira. Além de uma oportunidade para rever amigas de longa data, um happy hour no meio da semana até faz você ir trabalhar na sexta-feira sorrindo.

Decidimos ir ao São Cristovão, na Vila Madalena. O bar é todo decorado com históricas imagens do futebol e tem um clima intimista.

Preferimos uma mesa na calçada a ficar dentro do bar, a portas fechadas. O calor acabou nos obrigando a tomar tal decisão.

Chopp gelado e bom papo foram interrompido por um ponto de laser, que insistentemente paseava pela nossa mesa. Olhamos ao redor e encontramos a fonte da brincadeira. Dois caras (aqui começa: lê-se babacas!) do outro lado da rua investiam na nossa atenção, por meio daquela brincadeira mais antiga e requentada que o arroz que tinha feito dois dias antes. Lembramos, àquela hora, que essas brincadeiras com laser foram febre nos idos de 95, quando o objeto se popularizou no Brasil.

Eles tinham certeza que iríamos achar o máximo ficar tomando aquela luzinha vermelha na cara. Ledo engano. Não sou afeita a baixarias, mas não levo desaforo prá casa. Babacas devem ser humilhados sempre que possível.

Olhei para o baixinho que estava com o laser na mão e, da minha mesa, perguntei até que horas iam ficar fazendo aquela brincadeira fantástica. Tudo bem, tudo bem...fui irônica. Mas babacas merecem.

Ele nos olhou com cara de desentendido e acenou com as mãos, que não sabia do que estávamos falando. Ai eu perdi as estribeiras. Em alto e bom som, perguntei se eles achavam que éramos tontas, porque os tontos eram eles de ficarem fazendo aquela brincadeira besta. Cheguei a dizer que poderiam até prejudicar nossos olhos.

O mais alto atravessou a rua e se aproximou da mesa. Eu estava desacreditada: os babacas estavam fazendo uma brincadeira estúpida e ainda se achavam no direito de tirar satisfações.

Quando se aproximou percebi que tinha mais de 35 anos. O grau de babaqueice aumentou a partir desse momento. Brincar com laser já é suficientemente idiota. Aos 35 anos, fica pior ainda.

O imbecil veio dizer que o laser na verdade não prejudica os olhos e que estávamos nervosas a toa. Eu respondi: "Não se trata do laser. Se trata de você, enchendo a minha paciência e das minhas amigas e atrapalhando nossa conversa. Não tem nada melhor prá fazer não?"

Visivelmente embriagado, o babaca ainda tentou dizer que eu estava exagerando. Uma das meninas disse que se eles queriam chamar nossa atenção escolheram um jeito muito errado. Completei advertindo-o que conversáriamos com eles numa boa, se tivessem tentado uma aproximação civilizada. "Xispa daqui! Cai fora! Se toca, babaca!" - terminei, tocando o vira-lata de perto da gente.

Tem muito homem que precisa rever os conceitos de uma aproximação bem sucedida.